NOTA DE FALECIMENTO

“Não há obra que se erga sem que na argamassa esteja misturado o suor do pedreiro.”

Com grande pesar, o Sereníssimo Irmão Kamel Aref Saab, Grão-Mestre do GOSP, comunica o falecimento do Ir.’. Daury dos Santos Ximenes, ex-Grão Mestre do Grande Oriente de Pernambuco, ocorrido na noite do último sábado p.p., 21 de dezembro, vitima de problemas cardíacos.

O Irmão Daury Ximenes foi Grão Mestre do Grande Oriente de Pernambuco, e um imenso apoiador da nossa Desfederalização, estando presente na vitoriosa assembléia de 15/09.

O sepultamento ocorreu no Cemitério e Crematório Memorial Guararapes , em Jaboatão, dia 22/12, às 16:00h.

Que o GADU console sua Família.

http://gosp.org.br/nota-de-falecimento-11/

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Uma Visão Maçônica do Mundo

Existem diferentes historiadores, pensadores, assim como “especialistas” em maçonaria, que sem pertencer a ela, sem conhecê-la por dentro e com maior ou menor acerto, poderiam expor uma visão histórica, sociológica, antropológica e filosófica, que acabaria não dando uma percepção exata do que viria a ser a visão que a maçonaria tem do mundo. 


Excesso de informação


O mundo e a sociedade em geral, tal como se está desenvolvendo, nos permite ter uma grande quantidade de informação, dados, imagens e montanhas de opiniões e “comentaristas”, que a todo momento nos bombardeiam, influenciando nosso pensamento, nosso  sentimento e nossa opinião a respeito dos fragmentos que da suposta realidade nos mostram constantemente.  

Infelizmente, já não se põe tanta ênfase em nos ensinar como discernir, como selecionar a informação ou as opiniões que nos apresentam, deixando-nos à mercê da grande falácia do Século XXI; temos mais informação, logo sabemos mais e temos mais poder.


Uma grande quantidade de informação sem a devida formação nos leva a uma deformação, a uma profunda ignorância e a estar, embora sem perceber, nas mãos das diversas correntes de opiniões e interesses de todo tipo, criados na sociedade onde, além disso, nos vendem constantemente a idéia de que somos completamente livres.

Nossa sociedade tem avançado enormemente do ponto de vista da tecnologia, dos sistemas de informação e dos sistemas sociais e políticos, especialmente no chamado “mundo ocidental”, criando ao mesmo tempo grandes diferenças na maior parte dos casos, infelizmente opostas entre países pobres e ricos, criando grandes desequilíbrios e percepções errôneas entre os próprios seres humanos, que podem dar origem a numerosos problemas.

A questão importante, o ponto de atenção relevante em toda esta situação, está em como o ser humano percebe e interpreta a realidade, como se vê a si mesmo e interpreta a relação e a interação recriada constantemente entre o ser humano como tal e o mundo.

O conhecimento fundamental


Assim, do ponto de vista da maçonaria, se mantém como ideia principal que o conhecimento do próprio ser humano em todas as suas dimensões é a pedra de toque fundamental sobre a qual se deveria trabalhar especialmente em primeiro plano, sem menosprezar e dando exatamente a mesma importância e atenção, ainda que em segundo plano, à implementação e aplicação de algum tipo de ajuda ou ação que se ajuste às necessidades e deficiências daqueles aspectos da sociedade e da humanidade em geral, que permitam o seu avanço e evolução.


A maçonaria e a visão que esta poderia ter sobre o mundo passa de forma iniludível sobre o conhecimento de si mesmo: quem somos? O que é a realidade? Com que método experimental podemos nos conhecer a nós mesmos?


A maçonaria como método de aperfeiçoamento


Aqui a maçonaria encontra sua autêntica forma de ser; e ainda mais, pode dar não somente uma resposta como também um método de aperfeiçoamento do ser humano, e ainda, graças a esse aperfeiçoamento individual, induzir as sinergias suficientes em seu entorno imediato para a consecução flexível e integradora de um modelo de vida que possa ser cada vez mais benéfico para todos.

Desde já se poderia enfocar a visão do mundo que tem a maçonaria, do ponto de vista simplesmente histórico, antropológico, sociológico e filosófico; não obstante, a extraordinária singularidade da maçonaria se estriba precisamente em sua essência, baseada no conceito da iniciação ou no que se poderia denominar  de “via iniciática”, que não está condicionada a um possível empenho cultural, histórico ou social, nem se esgota em nenhum período histórico, corrente, crença, filosofia ou ideologia concreta, tal como comumente costumamos entender.  

A natureza iniciática da maçonaria permite praticar um método experimental sobre o conhecimento de si mesmo de tal maneira que, se bem que possa parecer aparentemente sensível, singular e fácil de entender, requer da pessoa que a tenta praticar uma mentalidade aberta, uma curiosidade saudável e um espírito de auto-superação e autoperfeição, sem cair no egocentrismo, no egoísmo, nem no dogmatismo, que tem como motivo e objetivo principal o benefício e a evolução de todos os seres humanos em geral e sem exceções.

Conhecimento e transformação


O conhecimento profundo e íntegro de si mesmo implica numa transformação do indivíduo, não só no âmbito intelectual, como em toda a estrutura que conforma a vasta e ampla definição que se poderia dar ao conceito de ser humano, não nos limitando a um só aspecto, seja este ético, moral, espiritual ou social.

Em última instância, quem toma a decisão de ir a uma guerra? Quem organiza os sistemas sociais e políticos? Quem cria os inventos tecnológicos que tornam mais cômoda a nossa vida? Quem deveria dar um objetivo determinado a esses inventos?

Podemos entender que isso se deve a muitos fatores externos mas, basicamente, todas as coisas que o ser humano realiza, projeta, cria ou recria para si mesmo, para a coletividade ou para todos os seres viventes depende essencialmente do próprio ser humano e por essa razão é importante trabalhar sobre o seu aperfeiçoamento.

A transformação profunda desse ser humano, mediante o autoconhecimento e tendo como base a sabedoria e a fraternidade implica, de forma natural e inescusável, a transformação do entorno, isto é, da realidade social ou realidade convencional, que o ser humano recria constantemente, com uma proporcionalidade e harmonia muito superiores ao que estamos acostumados a ver atualmente entre o homem e as suas criações, seja no âmbito das culturas, sociedades, sistemas ou estruturas que tentam dar coesão e sentido ao mundo em geral.


Tempos de caos

Estamos vivendo uma época de tremenda confusão espiritual, onde se confundem e misturam distintas crenças, religiões, filosofias, movimentos pseudo-espirituais, etc., onde falar sobre ética ou falar de valores parece vão e inverossímil como um jogo de palavras antigas e fora de moda.

Por outro lado, também queremos ser felizes, livres e buscamos constantemente os meios mais rápidos e eficazes para consegui-lo e, sem perceber, vamos nos distanciando cada vez mais do núcleo e da essência do ser humano, de sua espiritualidade inata, de uma espiritualidade que transcende qualquer tipo de estrutura, seja esta religiosa, social, política ou cultural.

A visão maçônica do mundo reivindica a capacidade que temos todos de nos encontrarmos a nós mesmos, mediante um método de experiência, tanto individual como coletivo, que se inicia, se desenvolve e se verifica no que chamamos de ordem maçônica e que busca, sem cair no dogmatismo, no relativismo, no exclusivismo, nem no sectarismo, a profunda sabedoria, a franca fraternidade e a espiritualidade em si mesma, livre e comprometida com as necessidades e anseios que todos temos com respeito a vida e o sentido que esta tem tanto no individuo como na coletividade.


Transformação pessoal gera transformação social

Assim, se pode afirmar claramente que o trabalho sobre o individuo e sua transformação profunda e integral, traz como conseqüência de extraordinário valor a transformação da sociedade em si mesma, posto que é esse indivíduo que gera a transformação e em alguns casos, já fora do âmbito maçônico, também acaba dando inspiração e ponto de partida para algumas ideologias e correntes de pensamentos que se vão gerando ao longo da história.

A maçonaria busca o justo equilíbrio interativo entre as necessidades e as aspirações espirituais transcendentes e imanentes (não confundir com as religiosas) do indivíduo, cuja consequência natural e mais evidente, na medida em que as realiza, é uma elevada ética com firmes princípios e a implicação nas necessidades sociais e coletivas que permitam, através da prática, fazer evoluir a humanidade com essencial liberdade, com sábia igualdade e com autêntica e universal fraternidade.

(Oriente do Recife,  palestra de 25 de maio de 2011)