NOTA DE FALECIMENTO

“Não há obra que se erga sem que na argamassa esteja misturado o suor do pedreiro.”

Com grande pesar, o Sereníssimo Irmão Kamel Aref Saab, Grão-Mestre do GOSP, comunica o falecimento do Ir.’. Daury dos Santos Ximenes, ex-Grão Mestre do Grande Oriente de Pernambuco, ocorrido na noite do último sábado p.p., 21 de dezembro, vitima de problemas cardíacos.

O Irmão Daury Ximenes foi Grão Mestre do Grande Oriente de Pernambuco, e um imenso apoiador da nossa Desfederalização, estando presente na vitoriosa assembléia de 15/09.

O sepultamento ocorreu no Cemitério e Crematório Memorial Guararapes , em Jaboatão, dia 22/12, às 16:00h.

Que o GADU console sua Família.

http://gosp.org.br/nota-de-falecimento-11/

A Grande Corrente de Iniciados


Caldeus
O saber iniciático não é de ontem, nem de  anteontem. Como se diz: “ele se perde na noite dos tempos.” Os sábios o identificam com a Tradição Primordial, aquela que arranca das doutrinas religiosas de caldeus, persas ou egípcios e com o tempo deriva em formas misteriosas (pitagóricas, órficas), esotéricas (gnósticas, herméticas), simbólicas, mágicas ou alquímicas. Alguns, como Max Muller, vão mais além, e fazem remontar esse substrato de idéias às chamadas culturas solares ou lunares, com seus heróis e seus panteões de deuses e deusas. Há quem, como René Guénon, retroceda ainda mais no tempo e fale de um fundo comum de espiritualidade que contém todos os arquétipos e mitos, destinados a adquirir diferentes expressões, dependendo do lugar ou do momento histórico.

Estes depósitos, comuns ou não, da Tradição Primordial, também recebem o nome de Philosophia Perennis, ciência adâmica ou Prisca Sapientia. Alguns autores a qualificam de “tradição perdida”, porque consideram que em algum momento da história rompeu-se o vínculo com este tesouro de sabedoria. Porém, são muitos os que afirmam que isto nunca aconteceu e que o núcleo da tradição ancestral chegou quase intacto até os nossos dias, graças ao labor paciente e discreto dos “eleitos”. Aqueles que formam parte da Grande Corrente de Iniciados, que perdura desde a mais remota antiguidade.

Fulcanelli
Os iniciados estão transmitindo o seu segredo de geração em geração. Isto é algo muito sério aos olhos dos seus guardiões. Nem todo o mundo está de acordo em manter na sombra este tipo de matéria oculta. Uma passagem das Escrituras (Mateus 10:26) estabelece: “Não há nada oculto que não venha a ser descoberto, nem secreto que não venha a ser conhecido.” Por isto, ainda que os filósofos herméticos insistam em que há certas matérias que devem ser mantidas em prudente reserva, alguns consideram que o essencial não é subtraí-las dos olhos do público, mas velá-las com a linguagem alegórica do simbolismo. Nossos livros não são escritos para todos, se bem que todos são chamados para os ler. Está claro que somente os sábios da elite, como diz Fulcanelli, são capazes de compreender o seu significado.

Tal segredo se localiza em alguma parte, porque tem consistência material. Em qualquer caso é um objeto (seria o Graal?), não somente uma idéia. Fichte, em sua Filosofia da Maçonaria, é muito explicito a este respeito: “Consiste em crer que o segredo da Ordem estaria guardado em certo lugar ou custodiado por determinadas pessoas e que somente na condição de buscá-lo com zelo suficiente nossos olhos se abririam e o sublime segredo seria descoberto.”      

Onde se esconde? Alguns dizem que em uma caverna nas entranhas da terra, em um lugar remoto e inacessível, nas proximidades de um templo sagrado... Guy Tarade, em Por trás das Pegadas do Saber Perdido, o expressa com a frase seguinte: “Os iniciadores sempre hão confiado seus maiores segredos às profundidades da terra.” Rabelais disse: “Nada é comparável ao que ocultam as entranhas da terra.”

Este mistério dos mistérios não pode ser revelado de maneira alguma pelo adepto. Como assinala Fichte em uma de suas cartas: “Estou completamente seguro de não te haver revelado, a ti ou a qualquer outro que por acaso pudesse ler estas cartas, nem sequer a mais exígua parte do que não te está permitido saber, nem eu posso desvelar. Por isso encontramos à venda ao público nas livrarias muitos livros que, embora tratem da maçonaria, entretanto dela não revelam nem uma silaba. Inversamente, porém, se encontram muitos livros, de maçons e não maçons, que não mencionam uma única palavra sobre a maçonaria, cujos autores nada sabem de maçonaria, mas são inteira e genuinamente maçônicos.”

O segredo não é revelado ao profano, mas está presente. O verdadeiro saber, o saber terrível, continua mantendo-se em segredo. Os segredos da antiguidade passaram dos egípcios aos sábios modernos através dos antigos grêmios de construtores, os antecessores da atual maçonaria, de acordo com Robert Scrutton, em Os Segredos da Atlântida Perdida. A filosofia secreta foi transmitida, de geração em geração, às pessoas dignas de recebê-las.

A Arte Real havia mantido o segredo somente por revelação direta de mestre a discípulo. Como diria de forma alegórica Max Heindel em Maçonaria e Cataclismo: “A obra do verdadeiro templo se leva a cabo por forças invisíveis que atuam silenciosamente e edificam o templo sem golpes de malhete.” O conhecimento secreto havia de ser preservado das vistas profanas porque o seu mal uso poderia ter consequências terríveis para a humanidade.

S. João de Leonardo da Vinci
A doutrina secreta tem a forma de Esfinge. Seu rosto simbolizado por dois quadros de Leonardo da Vinci (La Gioconda e São João) é enigmático e ambíguo. Seu sorriso é enganador, como querendo dizer: “Eu sei de coisas que vós ignorais...”

A Bíblia (Provérbios 3:7 e 26:12) nos adverte do sério risco de ser sábios aos nossos próprios olhos. Este perigo teve uma  confirmação fatal no nazismo, talvez a máxima exaltação da presunção de certos autodenominados “eleitos”. Adolf Hitler confessou um segredo a um homem que havia fundado uma ordem secreta. Este homem era Herman Rauschning, que em sua obra Hitler me Disse, expressa bem claramente que os nazistas guardavam uma doutrina oculta, desconhecida, e que somente alguns poderiam conhecer. A mesma doutrina que provocou, direta ou indiretamente, a morte de cinquenta milhões de pessoas.  

Podemos dizer, portanto, que a cultura secreta existe e que ela circula por circuitos muito distanciados do conhecimento público.

Oriente do Recife, 15 de janeiro de 2010