NOTA DE FALECIMENTO

“Não há obra que se erga sem que na argamassa esteja misturado o suor do pedreiro.”

Com grande pesar, o Sereníssimo Irmão Kamel Aref Saab, Grão-Mestre do GOSP, comunica o falecimento do Ir.’. Daury dos Santos Ximenes, ex-Grão Mestre do Grande Oriente de Pernambuco, ocorrido na noite do último sábado p.p., 21 de dezembro, vitima de problemas cardíacos.

O Irmão Daury Ximenes foi Grão Mestre do Grande Oriente de Pernambuco, e um imenso apoiador da nossa Desfederalização, estando presente na vitoriosa assembléia de 15/09.

O sepultamento ocorreu no Cemitério e Crematório Memorial Guararapes , em Jaboatão, dia 22/12, às 16:00h.

Que o GADU console sua Família.

http://gosp.org.br/nota-de-falecimento-11/

O Mito por Trás da Pedra

Marco Polo expõe uma história maravilhosa que versa sobre uma pedra de grande poder. Na passagem XXXI de suas viagens explica como no castelo persa de Cala Atapereistan, algo assim como “castelo dos adoradores do fogo”, existe uma lenda segundo a qual três reis magos da Antiguidade foram adorar a um profeta que acabara de nascer. Prostraram-se diante dele, oferecendo-lhe ouro, incenso e mirra. O menino lhes retribuiu com um cofrinho fechado. Deixemos, porém, que o viajante veneziano continue com o seu relato.

Quando haviam cavalgado algumas jornadas, disseram que queriam ver o que o menino lhes havia dado. Abrindo o cofrinho, descobriram que continha uma pedra. Surpresos, perguntaram-se o que seria aquilo, pois havendo recebido as oferendas compreenderam os Reis que o menino era Deus, Rei Terrestre e Médico; e aquilo deveria ter um sentido oculto... Os Reis tomaram a pedra e a jogaram dentro de um poço, ignorando ainda o seu significado; e quando a pedra caiu, um fogo ardente desceu de céu e penetrou no poço. Ficaram estupefatos diante do que viram e se arrependeram de haver tirado a pedra do cofrinho, pois se tratava de um talismã...

O significado desta passagem fica bastante claro. Os Reis, soberanos do mundo, eram ignorantes do verdadeiro poder da pedra. Somente quando o compreenderam, quando ficaram conscientes do seu sentido oculto, passaram a ser sábios. Estes são os três Reis Magos de que nos fala a tradição: “Os magos são mais do que reis, já que são iniciados” (Eliphas Lévi).

A Confraria dos Sábios segue a tradição destes três Reis Magos. Preserva o segredo e o conhecimento da Pedra do Poder, que tem recebido diferentes nomes ao longo do tempo e da história: pedra luciferina, pedra imaculada, pedra oculta, pedra celeste, pedra solar, pedra hermética, pedra da sabedoria ancestral, etc. Os antigos converteram esta tradição em lenda; mas nela conservaram, de forma muito evidente, seus traços principais, talvez contaminados por alguns detalhes fantasiosos.

A tradição judaica (David Goldstein,Mitologia) estabelece que o Rei Salomão construiu o famoso Templo de Jerusalém amparando-se nos serviços do bom demônio Asmodeo, seu escravo, enquanto tinha em seu poder um anel maravilhoso outorgado pelo Arcanjo São Miguel. Salomão conseguiu cortar as pedras graças ao Shamir, uma ferramenta capaz de cortar e dar forma a qualquer rocha. Para os iniciados, este shamir  seria composto pela mesma matéria da esmeralda de Lucifer, de cor verde. Como disse Stanislaw Klossowski (Alquimia), citando o filósofo árabe Haly: “A raiz de todas as coisas é verde.”

Os celtas rendiam culto a uma pedra verde chamada callais, encontrada comumente debaixo dos dolmens. Em Chavin (Peru) havia um monólito chamado pedra verde do mundo. No Tibet se fala de uma pedra verde, de nome chintamani, gravada com quatro sinais hieroglíficos indecifráveis; que se encontra sobre a torre de Shambalah, emitindo raios de luz como um farol guia da humanidade. Tanto os chineses como os habitantes da America atribuíam um poder mágico à pedra verde de jade, associada à imortalidade. Verde é a matéria em seu estado primário, que embora ainda esteja imaturo, está pronto para se desenvolver.

Na antiguidade era um poderoso imã que arrastava as multidões. Boa parte das religiões tem como fundamento o culto a uma pedra. Assim os gregos se dirigiam a Delfos para venerar a pedra sagrada, chamada Omphalos (umbigo), a primeira criação depois do dilúvio, nos tempos de Deucalião. Os hebreus têm na sua tradição a pedra Bethel, no lugar onde Jacob lutou contra o anjo. Os árabes guardam a famosa pedra negra (Hadja-el-Asuad), situada debaixo da Kaaba, um cubo coberto de lona, centro espiritual dos muçulmanos. Os turcos propagam a karatchalti, a pedra negra que simboliza a Artemisa de Éfeso.

Os sacerdotes da deusa Cibeles a adoravam sob a forma de uma pedra negra. De acordo com Joan Llarch, em Gaudí, biografia mágica: “ A deusa Cibeles foi, pois, a Deusa Mãe Terra, uma antecessora das posteriores virgens negras...” Já sabemos que muitos cristãos veneram virgens negras, como a de Monserrat (entre muitas), representação simbólica da matéria primordial dos alquimistas.

Vale a pena refletir sobre tudo isto?

Oriente do Recife, 12 de janeiro de 2010