Disse Fulcanelli, em suas Moradas Filosofais: O Graal – quem duvida hoje? – é o mais alto mistério da Cavalaria Mística e da Maçonaria. É o véu do Fogo Criador, o Deus Absconditus na palavra INRI (Ignea Natura Renovatur Integra).
Os iniciados vêem no Graal um dos grandes mistérios das sociedades iniciaticas (templarismo e maçonaria). Sua relação com as matérias herméticas, e com a alquimia em particular, estaria fora de qualquer duvida. A ele se faria alusão no Gênesis, com as narrações acerca da Arca da Aliança, cujos segredos teriam sido recuperados pelos Cavaleiros Templarios durante sua permanência na Terra Santa.
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De acordo com Eschenbach, o Graal era guardado por uns monges guerreiros, comandados por Titurel, que construíram um templo octogonal em cima de uma montanha chamada Montsalvat. Julios Evola, em O Misterio do Graal, os chama de Dinastia do Graal. René Guénon, em O Esoterismo de Dante, os denomina de Cavalaria do Graal. Para Guénon, citando Henri Martin, o nome original desta cavalaria era Massenie, ou franco maçonaria ascética, cujos membros se denominam templistas. Pode-se captar aqui a intenção de vincular a um centro comum, figurado por esse Templo ideal, a ordem dos templários com as numerosas confrarias de construtores que renovavam então a arquitetura da Idade Media. O curioso é que a franco maçonaria moderna se remonta, de degrau em degrau, até a Massenie Du Saint Graal.
Juan Garcia Atienza se pergunta se tanto Chrétien de Troyes como Wolfram Von Eschenbach poderiam ter estado ligados, de uma forma ou de outra, à Ordem do Templo. Definitivamente é lícito perguntar se o mistério do Graal está intimamente ligado ao Templo e por extensão à Maçonaria. Isto tem tudo a ver com a suposta recuperação da Arca da Aliança e, por extensão, do Graal. Seria por isso que muitos vêem os templários como guardiões do Graal, e irmãos de fé dos cátaros, os sacerdotes da doutrina gnóstica que professavam estes monges guerreiros?
O Graal é o grande arcano dos continuadores da Tradição Primordial, posto que remonta às origens da Filosofia Perene, aquela que é preservada pelos iniciados. Para os milenaristas, a recuperação do Graal supõe a conquista do poder perdido. Otto Rahn, em Cruzada contra o Graal, sustenta que as ações da Igreja contra a heresia cátara não passaram de uma guerra da Cruz contra o Graal, entendido como Luz de Vida, símbolo do conhecimento e primeiro passo para o domínio do mundo.
O Graal é muito mais do que uma enteléquia: é um objeto tangível, luminoso, que visto a partir da mentalidade tradicional, tem poder supra terreno. O esoterista cristão Louis Catiaux o confirma taxativamente em uma de suas epístolas: “Me alegro de teu encontro com esse santo muçulmano que tem respondido adequadamente as tuas perguntas sem sair da tradição islâmica, que vê a Deus em todos e a todos em Deus; mas se trata de uma opinião espiritual e não de uma realização palpável, como a santa pedra.”
Este objeto maravilhoso, porém material, transmite aos iniciados umas forças salvíficas e sanativas que curam as feridas, aliviam as enfermidades e concedem longa vida. Segundo René Guénon, em O Rei do Mundo, o despertar do Graal supõe a recuperação da Tradição Primordial e o retorno ao Paraíso Perdido, em que os patriarcas viviam centenas de anos. Graças ao Graal o cavaleiro Titurel aparentava quarenta anos, quando na realidade tinha quatrocentos.
Existe também uma outra vertente, muito mais perigosa, em que o Graal é uma enorme fonte de poder, que se for mal empregada pode promover a destruição do mundo. Segundo Robert Scrutton, em Segredos da Atlântida Perdida, o Graal é a relíquia da ciência antiga. Ele o descreve como um transdutor e assegura que na antiguidade era empregado para controlar e dirigir as correntes telúricas e para modelá-las de forma que pudessem estimular as faculdades mentais do mago ou adepto. Esta energia telúrica tem poder para mudar a atmosfera e toda a terra, e a sua infecção produz a destruição. Devido ao seu enorme potencial é conveniente mantê-lo em segredo nas mãos de uns tantos iniciados.
Não sabemos se o transdutor de que aqui se fala tem algo a ver com a matéria primária dos alquimistas; com as forças de todas as forças dos herméticos; com o Chesquin (shekinah) do apocalíptico Jean Robin.
Cada um que está percorrendo a Senda Iniciática que faça a sua reflexão na busca sua própria resposta.